segunda-feira, 21 de maio de 2012

Capítulo 3 de Roxy - Não sei quanto à vocês, mas eu, eu amo waffles!



Capítulo 3-Problemas na Estrada
Estávamos nessa há alguns dias, eu nem contava quantos eram ( talvez três, que foi quando nossa viagem começou). Passávamos o dia todo na estrada, parávamos de vez em quando para abastecer ou comprar alguma coisa pra comer (o que se resumia em pacotes de batatas fritas, energéticos e doces). Às vezes revezamos quem dirigia e quem acompanhava o motorista, e pra dormir era todo mundo junto, metade do fundo da van ficava comigo e com Anne, e a outra metade com os meninos.
Tínhamos acabado de parar para abastecer quando Anne e eu avistamos um pequeno restaurante de comida caseira, era de manhã e ainda não havíamos comido nada. E tanto tempo sem comer nada além de batatas e doces começa a ser enjoativo. Decidimos comer waffles.
Deliciosos waffles cobertos com caldas de caramelo, morango, chocolate e mel. Simplesmente o paraíso em um waffle.
Ocupamos uma mesa ao fundo e fizemos nossos pedidos.
Dessa vez era o Josh quem estava filmando.
_Cara, eu tô muito ansioso pra chegar logo em NY. Faz muito tempo que eu não vou lá. _ Matt comentou.
_Eu também. _ Josh disse _ Desde que voltei pro Texas não tive tempo de ir lá.
_Eu tô com muita saudade da tia May, faz um tempão que eu não vejo ela.
_Parece que vai ser legal. _ Anne comentou meio tímida.
Aí me lembrei.
_Você nunca foi pra NY, não é? _ ela fez que sim com a cabeça _ Relaxa. Eu vou te levar pra conhecer uns lugares bem legais, e tia May com certeza vai aproveitar pra dar uma de guia turística pra cima da gente.
Começamos a contar pra ela nossos lugares preferidos em NY, e logo estávamos lembrando filmes que tiveram lá como cenário.
Daí a pouco estávamos cantando algumas das músicas de nossa banda.
Os waffles finalmente chegaram e pudemos nos deliciar com sua textura, a calda, o sabor...
_Estou no céu. Por favor, não me tirem daqui. _ falei assim que engoli o primeiro pedaço.
Anne riu, enquanto Matt concordava comigo, e Josh tentava desgrudar um de seus dedos da calda de caramelo (de todas a mais grudenta).
Quando terminamos de comer, a garçonete deixou a conta em cima da mesa e foi até o balcão atender um cliente que havia acabado de entrar.
_Bom... Galera, é isso aí. Essa é nossa última parada na estrada. A próxima é NY. _ Josh disse enquanto pegava as chaves.
_Certo. Anne, você tá com o dinheiro pra pagar? _ perguntei estendendo a mão.
Ela me olhou confusa.
_Não. Eu emprestei pro Josh abastecer a vã.
_O meu acabou ontem na nossa última parada em um mercado naquela cidadezinha. _ Matt disse.
_E eu tive até que pegar emprestado com a Anne hoje. _ Josh se defendeu.
Olhei para o balcão onde a garçonete atendia um casal e duas crianças. Em seguida para o papel indicando que tínhamos que pagar U$50,00.
_Galera. A gente tá sem grana. E não tem nenhum banco de onde a gente pode sacar o dinheiro pra pagar. _ falei.
_E agora? Não tem como a gente sair sem pagar. _ Anne falou.
Voltei a olhar para onde a garçonete ainda atendia aquela família, ela estava longe o bastante para não nos ouvir.
Respirei fundo e falei:
_É o seguinte. _ olhei para cada um deles _Josh, hoje é seu dia de dirigir, então vamos fazer o seguinte. Você vai pra van e liga ela, acelere e deixe-a em ponto de arranque com as portas de trás abertas. Assim que estiver tudo pronto buzine duas vezes seguidas, esse vai ser o sinal. Quando escutarmos a buzina saímos daqui correndo, pulamos na parte de trás da van e você arranca.
_Mas vamos ter que ser rápidos. Vocês deram uma olhada no cozinheiro ali. _ ela apontou para um cara monstruosamente musculoso _Ele com certeza vai nos seguir até onde der, e tenho certeza que ele pode correr mais do que a gente.
_Certo. _ Matt respirou fundo _Vamos fazer isso, e rápido. Pronto, Josh?
Josh sorriu maliciosamente.
_Essa viagem tá se saindo mais legal do que parecia no inicio. Tô nessa.
Ele entregou a filmadora pro Matt que continuava gravando não importa o que houvesse, e saiu pela porta da frente como quem não quer nada, esperamos por uns quinze minutos. Minhas mãos suavam frio, Anne estava pálida e Matt calado demais.
Estava me perguntando por que cargas d’água aquela maldita buzina não tocava de uma vez, quando o som estranho das buzinas soou meio distante, mas reconhecível.  Levantamos da mesa e caminhamos em direção à porta. A garçonete foi até a mesa pegar o dinheiro, mas quando chegou lá não tinha nenhum, só uma nota dizendo: Foi mal =]
Ela não deve ter ficado muito feliz porque foi chamar o cozinheiro e logo estávamos correndo e atravessando aquela porta tão rápido que as pessoas comendo lá ainda devem estar se perguntando o que aconteceu.
O cozinheiro ainda nos seguia pelo estacionamento até o posto de combustível onde a van estava parada com a porta traseira aberta. Pulamos lá e Josh arrancou, enquanto ele saía e tentávamos fechar a porta deu pra ver o cozinheiro correr um pouco, parar e começar a xingar a gente.
É. Aquilo foi hilário.
Estávamos rindo e revendo nossa fuga fenomenal que acabava de ser armazenada no meu notebook, enquanto por dentro vibrávamos sabendo o quão perto a gente estava de NY. Era uma sensação ótima de, pela primeira vez desde a formação da banda, estarmos fazendo algo que nós queríamos, sem ter que dar satisfações. Liberdade. Era essa a sensação que sentíamos.
Com o passar dos minutos, o silêncio foi ficando cada vez maior, já devia ter passado meia hora desde o incidente no posto de gasolina, estávamos cada minuto mais perto. Depois de um tempo podíamos avistar a cidade. Estava lá, enorme e linda como nos lembrávamos.
Mas como nossa sorte parecia variar de uma hora pra outra, fomos parados por um carro da polícia.
_Com tantos carros passando, tinham que parar justo a gente. _ Matt comentou.
_Vai ver a garçonete deu queixa da gente pra polícia. _ Anne disse.
Por sorte não era isso.
_Pra onde as crianças vão? _ um policial de bigode e cara de desconfiado nos olhava através da janela do Josh.
_Estamos indo pra New York. Vamos visitar nossa tia e assistir a Batalha das Bandas. _ falei com meu sorriso mais inocente.
_E onde estão seus pais? _ ele perguntou ainda com um ar desconfiado naquele bigode ridículo.
_Eles não puderam vir. Por causa do trabalho. _ tentei dar uma resposta.
_Certo. _ ele disse, aquele bigode estava me dando nos nervos, coisa horrível _O que acontece crianças. É que uns casais deram queixa do desaparecimento de seus filhos. Engraçado como vocês batem com as descrições que eles fizeram.
_Se duvida da minha palavra pode ligar pra minha tia, ela vai confirmar o que nós dissemos. _ Anne disse enquanto pegava da agenda o número do telefone de tia May e discava do celular do Josh (o único com créditos).
Assim que a chamada foi atendida ela passou o aparelho pro policial. Ele confirmou algumas coisas com ela, e logo entregou o celular.
_É. Ela confirmou a história de vocês. _ ele disse (graças a Deus Anne teve a ideia de ligar antes pra tia May avisando ela da história toda, do que chegarmos de surpresa na casa dela) _Mas se virem por aí quatro adolescentes, dois meninos e duas meninas também, todos do Texas, avisem a policia, estamos procurando por eles.
_Pode deixar. _ Matt concordou com ele.
Eu fiquei me perguntando se aquilo foi uma sorte absurdamente ridícula, ou se aquele policial era realmente burro.
Assim que o policial foi pro carro dele Josh deu a partida e fomos em direção à cidade.
Entrar em NY é algo que tira o folego, uma sensação nostálgica, me fazia lembrar o tempo que morei aqui, até meus pais se divorciarem e mamãe resolver ir morar com vovó no Texas, daí ela se casou, e bem, você já sabe o resto.
Mas não dá pra não ficar sem folego enquanto tenta olhar todos aqueles prédios imeeeeeeensos, e os arranha-céus, e as lojas. Cada loja e shopping incríveis. Teríamos que andar por lá com certeza.
Eu me sentia uma criança quando volto a NY. Não consigo evitar, a sensação é simplesmente maravilhosa demais para ser ignorada.
Olhei para Anne e ela estava da mesma forma que eu, olhando tudo que estava a nossa volta com os olhos bem abertos. Pra não perder nada do que estava passando.
Os garotos não conseguiam conter os sorrisos que aos poucos iam tomando toda face deles.  Nos sentíamos como reis de NY. Era simplesmente a melhor coisa que já fizemos em nossas vidas.
Demos algumas voltas curtas por alguns lugares de que Josh sentia saudades antes de tomar o rumo da casa de tia May.
Enquanto Josh dirigia eu fui guiando, pois era a única que já tinha ido a casa dela. O caminho era tão familiar que pela primeira vez em anos senti como se estivesse indo pra casa. Umas lágrimas bobas escorreram por minha bochecha.
_Tá chorando por quê? _ Josh perguntou enquanto me olhava pelo retrovisor.
_Não foi nada. É só que, faz tanto tempo. Desde que mamãe se divorciou. Sei lá. Acho que foi só saudade mesmo. _ respondi.
Anne me estendeu um lenço, enxuguei aquelas lágrimas e logo estava sorrindo de novo.
_Tia May deve ser uma tia bem legal. _ Anne comentou.
_De repente é daquelas que usam avental e vivem fazendo biscoitos, e outras comidas caseiras porque não suporta o ‘Mac’. _ Matt disse enquanto ria.
_Ou então é uma daquelas mulheres que vive em shoppings e lojas caras experimentando sapatos, e nunca decide o que comprar logo de uma vez. _ Josh disse rindo ainda mais.
_Por quê? Você tem alguma tia assim? _ Anne zombou.
_Não... _ ele começou, mas foi cortado por Matt.
_A mãe dele é que é desse jeito.
Eu comecei a rir tanto que tive que morder minha mão pra parar.
_Ainda me lembro _ comecei _ Da vez em que você deu um jeito de escapar e ela me levou pro shopping com ela. Passamos umas três horas em cada loja que ela via, e no final ela simplesmente disse que não queria comprar nada porque não gostou. E ela experimentou praticamente tudo o que estava à venda no shopping.
Nesse instante ninguém mais continha o riso, parecia que havia bem mais do que quatro adolescentes dentro daquela vã.
Já fazia um tempo que não se viam mais lojas, apenas casas, grandes e imponentes casas antigas feita de madeira e pedra. No fim de uma rua com bem poucas casas (se formos comparar pelas outras em que passamos) estava uma casa beeeeeeem grande.  Não possuía outros andares, com janelas enormes que iam do chão ao teto, muitas flores plantadas a esmo, cadeiras brancas na varanda, o carro devia estar na garagem, mas não dava pra ver por estar fechada.
Josh estacionou de frente para a porta da garagem.
Matt e Josh já estavam descarregando nossas bagagens da vã para agilizar as coisas. Anne pegou suas malas e tudo aquilo que fosse dela e ela conseguisse carregar sozinha, eu fiz o mesmo com minhas coisas (dando um jeito de equilibrar o meu Jack Skellington sobre a capa onde estava minha guitarra). Os meninos pegaram todo o resto, que em outras palavras quer dizer as malas deles, dentre outras coisas. Fomos praticamente correndo até a porta da frente da casa da tia May, e só pra constar aqui, deviam ter pelo menos umas três vizinhas nos olhando de suas casas.
Parei de andar para checar e ver quantas eram.
_Nem pense nisso. _ Anne já foi logo cortando.
_Eu só queria checar pra ver quantas eram. _ fiz um bico gigante, mas ela não se comoveu.
_Quatro. _ Josh respondeu _Se contar o menininho de bicicleta.
Matt estava rindo da nossa conversa enquanto tentava não deixar suas coisas caírem. Daria muito trabalho pega-las do chão, mais até do que carrega-las.
Apertei a campainha com o cotovelo, enquanto mantinha minha mala na mão.
O som de passos abafados por tecido vinha de algum ponto distante da casa até nós. Logo uma mulher vinha nos atender.
_Roxy querida, finalmente você chegou! _ tia May veio pra cima de mim.
Meus amigos ficaram de queixo caído enquanto tia May tentava me abraçar (em outras palavras tentava me estrangular).

Nenhum comentário:

Postar um comentário